Desde que chegamos em Portugal começamos a consumir mais vinho. O fato dos supermercados terem milhares de opções de vinhos de boa qualidade e com bons preços fez com que a gente começasse a se interessar mais sobre o assunto e tivemos várias curiosidades como quais os tipos de vinhos e qual a diferença das regiões produtoras aqui de Portugal? Nesse meio tempo já pagamos alguns micos como ficar sem resposta quando o garçon pergunta: vinho verde tinto ou vinho verde branco? “Vinho verde, verde!” era a nossa resposta!
Então para ficarmos mais familiarizadas com esse universo começamos uma conversa com o querido Domingos, que tendo feito seu mestrado em Viticultura e Enologia em Lisboa, soube nos explicar muito bem todo seu conhecimento. Depois achamos que essa conversa estava ficando tão interessante que merecia um espaço aqui no blog e assim damos início hoje à série de posts “Guia Básico do Vinho Português”. Vão ser no total 4 posts sobre o assunto, sendo hoje uma introdução, e esperamos que curtam assim como nós curtimos aprender tanto sobre essa delícia que é o vinho português.
Afinal, o que é o vinho? Vinho, por definição, é o resultado da fermentação das uvas, onde há a transformação do açúcar da uva pelas leveduras em álcool etílico. Marc Klein e Peter Mayle, sob a direção de Ridley Scott no filme “Um Bom Ano” (“A Good Year“, Fox 2000 Pictures, 2006), definem vinho de forma simples e objetiva:
O senso comum, nos leva a crer que vinho pode ser de dois tipos: tinto ou branco. E, sim, vinho tinto vem da uva tinta assim como vinho branco vem da uva branca. Lógica mais simples seria pensar que vinho rosé seria a combinação do branco com o tinto. Entretanto, na prática, é um pouco mais complicado, pois o processo de preparo afeta o produto.
As uvas tintas possuem algo que as brancas não têm em quantidade suficiente: moléculas responsáveis pela pigmentação das cascas das uvas, as antocianinas. Por isso, a técnica de preparo de um vinho influi diretamente em sua cor por causa do tempo de contato do líquido com as películas.
Mas e os vinhos rosés? Estes, por sua vez, são o resultado de diferentes técnicas de preparo de vinho, onde a mais comum é fabricar vinho tinto através dos procedimentos de fabricação utilizados para os vinhos brancos e reduzindo o tempo da maceração pelicular.
Logo, podemos perceber que há várias possibilidades para obter um vinho dependendo de fatores como a quantidade de álcool etílico produzido pelas leveduras, ou a quantidade de açúcar que permanece ao final do processo; tipo de uva, processo de fabricação; tempo em garrafa. Desta forma, para resumir, a tabela abaixo mostra todas as principais classificações para vinhos, conforme as normas vigentes e cultura tradicional para a produção de vinhos em Portugal:
Assim, entre tantas opções e possibilidades existentes, saber qual vinho é mesmo bom torna-se uma tarefa quase impossível – e, pelo tamanho desse primeiro post, provavelmente você já deve estar desistindo a essa altura. Mas não faça isso! Saber um bom vinho pode ser algo extremamente enganoso, porque o vinho proporciona uma experiência a quem o bebe e, por isso, os resultados são subjetivos. Só você mesmo saberá! Entretanto, por mais subjetiva que essa experiência possa ser, existem consensos e assim são definidos os maiores e mais caros vinhos do mercado, exatamente como ocorre no mundo das artes. Quanto mais você beber, experimentar e comparar os resultados e experiências entre si, entenderá o que se trata de um vinho realmente bom. Neste exato momento, você passará a pagar mais por ele. E é assim que funcionam as coisas nesse mundo.
Terroir: doçura, acidez, adstringência, aromas e corpo
O sabor do vinho é o resultado da expressão de vários fatores como o ciclo da videira, condições climáticas da região onde esta videira cresceu, tipo e qualidade do solo, intervenção humana (técnicas agrícolas e práticas culturais para criação da videira), microorganismos, etc. É o que podemos chamar de terroir. Ou seja, nos bagos das uvas há um determinado perfil de moléculas químicas que definirá um padrão de gosto para estas uvas produzidas naquela região. E isso é passado ao vinho, quando se fermenta as uvas.
Para além do terroir, todas essas moléculas também serão responsáveis pelas cinco características básicas presentes num vinho: doçura, acidez, adstringência, aromas e corpo. E quando se produz um vinho que possua vertentes máximas em cada uma dessas características – que são as primeiras características mais comumente apreciadas pelos enófilos e iniciantes neste mundo, este produto passa a ser mais valorizado.
De forma mais simples: se um vinho tem sabor de “pimentão verde”, por exemplo, não foi porque alguém o misturou com uvas na cuba e fermentou tudo junto; na verdade, isso ocorre porque dentro do bago da uva existirá uma classe de moléculas chamadas pirazinas (para o caso de pimentão verde) que ao interagir com os receptores presentes no seu nariz, despertará um sinal até o cérebro e será interpretado como pimentão verde. Logo, moléculas semelhantes presentes nos dois frutos é que ativam o mesmo receptor no nariz, enviando o sinal para o mesmo tipo de informação.
Vocabulário e formas expressar as sensações do vinho
No meio disso tudo uma coisa é certa: se você realmente gostar muito do vinho, você vai querer explicar o que sentiu ao beber. Nesse momento é que começa a confusão, porque na falta de palavras que realmente expressam uma sensação, pessoal, que só você está sentindo, começamos a inventar! Por isso o mundo dos vinhos possui palavras tão difíceis para quem está de fora: Taninos, amanteigado, gordo, quente, terroso, complexo, mineral, estruturado, aveludado, floral, persistente, leve, fresco…
Mas não se preocupem, criamos um glossário com as expressões mais usadas no mundo dos vinhos e você pode acessar nesse link. Este pequeno dicionário ainda vai ser atualizado a medida que vierem nossos próximos posts. No próximo capítulo vamos falar sobre as regiões produtivas de Portugal e te esperamos aqui para isso no dia 15 de setembro. Até lá :).
Adoramos! Vamos acompanhar !
Amamos o Porto, e Admiramos demais vocês. Belo trabalho!
Sucesso👍🙌💫🌟👏👏👏👏
Um abraço e obrigado.
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Obrigada! Feedbacks como esses que nos motivam a continuar o nosso trabalho com ainda mais motivação 🙂
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Adorei o post do vinho português. Parabéns po trabalho! Vcs escrevem muito bem e esta cidade é mesmo encantadora. Bjos
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Obrigada Clarissa! Ficamos muito felizes de saber que gosta do que escrevemos 🙂
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